A pele é órgão do nosso corpo que costuma sofrer mais nas nossas férias (tirando nas despedidas de solteiro – aí pode ser efetivamente o fígado). E que melhor forma de saber como a proteger do que pedir a quem sabe para nos explicar, detalhadamente, os cuidados a ter? A Dra. Filipa Tavares Almeida, médica especialista em dermatologia, deixa algumas dicas importantes:
Antes da viagem:
Ao fazeres a mala e hoje em dia com as low cost, o espaço é um bem escasso. Uma forma de contornar isto é “escolher produtos versáteis. Um deles pode ser a água micelar, que é uma excelente opção para limpeza suave da pele e olhos, e que também pode ser usada como tónico refrescante, até na pele mais sensível.”
Faça chuva ou faça sol, deve-se utilizar sempre protetor solar e isso é transversal a todos os tipos de pele
Quanto a marcas melhores ou menores: o foco deve estar no fator de proteção: “a marca muitas vezes não é determinante: desde que o fator de proteção solar seja 50+, sabemos que estamos protegidos.”
Relativamente aos tipos de pele, há opções mais adequadas para uns e para outros: “No caso de uma pele oleosa, deve privilegiar formulações mais fluidas, como a textura gel ou emulsão. Também os homens costumam gostar mais deste perfil, porque é fácil de espalhar e muitos destes produtos têm um efeito matificante, que reduz o excesso de brilho. No caso de uma pele seca, preferir uma textura em creme, que tem mais capacidade de hidratação.”
Para quem já tem a mala completamente cheia, há uma alternativa que pode ajudar a poupar espaço, sem prescindires de proteção solar: “existem opções de protetor com cor, que se tornam práticas se quiser simplificar passos de maquilhagem e levar menos bagagem. As brumas ou sprays também são óptimas opções e práticas para reaplicar o protector. “
“Para crianças pequenas, especialmente com menos de 2 anos, deve-se escolher um protetor solar com um filtro mineral.”
Para destinos mais frios, “pode também levar máscaras faciais hidratantes, como por exemplo de ácido hialurónico e/ou vitamina E.”
Para destinos mais solarengos, “são boas opções máscaras anti-oxidantes, nomeadamente as de vitamina C.”
Não esquecer que os nossos lábios também necessitam de proteção, pelo que é “conveniente levar um stick/baton e hidratante labial com FPS”
Durante o voo:
É importante sair de casa “com a cara lavada e hidratada” com” água micelar ou gel facial”. Se não existir tempo, “pode utilizar toalhitas não alcoólicas e, idealmente, não perfumadas”. No entanto é importante não tornar o uso das toalhitas um hábito, mas sim uma solução de recurso, “uma vez que o uso recorrente pode levar a reações de sensibilização e alergias”
No que toca às viagens de avião em específico, existe o problema da desidratação da pele porque “o nível de humidade do ar na cabina do avião é muito reduzido”. O mesmo acontece no aeroporto”. Aqui torna-se essencial levar bastante água (ajustada à duração do voo). Uma opção é levar uma daquelas garrafas reutilizáveis de 1L ou até maior e passar com ela vazio pela segurança, e encher depois, antes do embarque.
Para além de beber água constantemente, deve evitar-se a perda de hidratação “com a ajuda de um creme hidratante, idealmente com uma textura suave e sedosa, aliviando aquela sensação de pele seca e repuxada que um voo de longo curso pode provocar.”
No destino:
O primeiro e mais importante conselho para além da óbvia aplicação de protetor solar “passa por evitar a exposição solar entre as 12 e as 16 horas, quando o sol é mais quente e mais perigoso para a pele”
E se não tiveres relógio ou qualquer forma de cronometrar o tempo, não aches que tens desculpa: “Se não tiver relógio disponível, um truque que pode utilizar é observar o tamanho da sua sombra. Quando a sua sombra for mais pequena do que a sua altura, é importante estar à sombra.”
Ao aplicar o protetor importa não cometer algumas falhas:
Uma das partes mais ignoradas da face é a ponta do nariz, que geralmente fica exposta mesmo com chapéu e óculos. O próprio couro cabeludo, principalmente em pessoas com calvície. As orelhas também estão entre as áreas mais afetadas pelo esquecimento. Para além do protetor, um chapéu de abas largas ajuda a poupá-las do sol. As mãos não costumam ter a devido atenção, já que andam o ano todo expostas. Embora apliquemos o protetor com elas, o sol tende a castigá-las com manchas e rugas. Também há os locais de difícil acesso, como as costas e o dorso dos pés, que muitas vezes sofrem com as queimaduras.
A reaplicação do protetor é essencial para evitar queimaduras solares: “A proteção não é eterna”, e é importante “reaplicar é de duas em duas horas, pois o protetor vai sendo absorvido pela pele”. Quem transpira bastante ou entra na água, deve aumentar ainda mais a frequência e “reaplicar o protetor assim que houver oportunidade. “
De salientar que não é só na praia que devem haver cuidados redobrados, mas sim sempre que se esteja perto de água, neve ou areia “porque refletem os raios nocivos do sol, o que pode aumentar a probabilidade de sofrer uma queimadura solar.”
E estando nublado? É possível prescindir do protetor? A resposta é não: “Nos dias nublados, o sol também emite UV com capacidade de penetrar na nossa pele, pelo que não deve descurar do protetor”.
Para além disso existe uma ordem quando, para além do protetor, se aplicam outros produtos na pele, como hidratantes, ou maquilhagens. Embora não exista “uma sequência rígida” nos outros produtos, “o protetor deve ser sempre o último a ser aplicado”. Porquê, pergunta a caro(a) leitor(a)? A Dra Filipa explica:” Evita que produtos utilizados à posteriori exerçam atrito e acabem por reduzir a sua eficácia”.
Uma opção, para quem não dispensa maquilhagem “pode passar por utilizar um protetor com cor, que já atue como base, ou uma bruma seca no final”
Cumprindo todas as regras de ouro de aplicação de proteção, estou seguro(a)? Não necessariamente. “O protetor não resolve tudo sozinho. É aí que entram os chamados protetores físicos, ou seja, acessórios que ajudam a bloquear a passagem dos raios solares, como chapéus, óculos, roupa e guarda-sol.”
É também essencial verificar a data de validade, “que geralmente varia de 6 a 12 meses”. “Se o protetor foi utilizado no verão passado e esteve exposto a altas temperaturas pode já não estar em condições de utilização. Se utilizar o protetor fora do prazo, não só não protege o que deve, não cumprindo a função para a qual que é destinado, como pode causar irritação ou alergias na pele.”
Por último:
É importante lembrar que os danos provocados pelo sol vão muito além dos escaldões e duram muito mais do que um bronzeado. Para além do envelhecimento precoce da pele, existe também maior risco de cancro da pele associado e qualquer pessoa pode contrair cancro de pele
Sugestão de essenciais de viagem para cuidares da tua pele:
Água micelar ou gel de limpeza, para remover a maquilhagem ou outra impurezas da pele.
Um bom creme hidratante para manter a pele saudável e fortalecida.
Protetor solar, com ou sem cor, que é fundamental para todos os destinos.
Água termal, como complemento de maquilhagem ou refrescante para a pele.
Comments